como ser você mesmo quando a moda é ser qualquer outra coisa.
a autenticidade é revolucionária.
Todos nós conhecemos alguém que, em algum momento da vida, se perdeu em busca de aprovação alheia. A garota da escola que trocava de namorado toda semana, o rapaz que abandonou antigos amigos para se encaixar em outro grupo, a prima que desistiu do curso dos sonhos para atender às expectativas dos pais. Frequentemente, gostamos de pensar que agiríamos diferente, que teríamos força para não nos deixar levar pelas opiniões dos outros. Mas, se pararmos para pensar, será que realmente seríamos capazes?
Eu mesma me questionei isso muitas vezes. Sempre fui introvertida, sem grandes grupos de amizade ou uma lista interminável de relacionamentos. Ainda assim, carregava um receio constante: e se, de repente, surgisse alguém com poder de influência sobre mim? Será que eu aguentaria permanecer fiel a quem eu sou? Foi então que decidi reunir algumas reflexões que me ajudaram a construir uma identidade mais sólida e resistente. Organizei essas ideias em tópicos e percebi que elas realmente funcionam na prática, e agora quero compartilhar com vocês.
1. Entenda e abrace suas paixões
Em algum momento, alguém vai te perguntar: “Qual é o seu filme, série, livro ou cantor favorito?” Se você hesita antes de responder, talvez ainda não tenha dedicado tempo para descobrir aquilo que realmente gosta. Um dos passos fundamentais para fortalecer sua identidade é entender o que te faz vibrar por dentro.
Experimente coisas novas - Assista àquele filme que você jamais escolheria, nem que seja só para dizer com propriedade que não gostou. Abandone aquela série que você está forçando terminar e comece outra que te parece totalmente diferente. Ninguém descobre suas verdadeiras paixões vivendo no automático.
Observe o que te faz perder a noção do tempo - Esse estado tem nome: “flow”, conceito popularizado pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi no livro Flow: The Psychology of Optimal Experience (1990). É quando estamos tão imersos em uma atividade que tudo ao redor desaparece. Para mim, isso acontece quando escrevo ou leio livros de fantasia. Para outros, pode ser fotografar, desenhar, cozinhar ou praticar um esporte.
Uma dica: crie um caderno (pode ser o bloco de notas do celular) para anotar sobre as experiências e como se sentiu. Aos poucos, você vai perceber padrões e conseguir selecionar apenas as com resultados positivos.
Quando entendemos profundamente nossas inclinações, nos tornamos muito menos suscetíveis às críticas e às comparações. Se alguém disser “mas você não deveria gostar desse tipo de música” ou “esse hobby é uma perda de tempo”, você terá uma resposta interna que não precisa ser dita, mas sentida: “Isso me faz bem, me faz sentido, e é o que importa”.
2. Abrace suas imperfeições como parte da sua essência
Vivemos em uma era que vende perfeição a todo instante, no feed do Instagram, nas vitrines das lojas, nas promessas de cursos de desenvolvimento pessoal. Mas somos seres complexos, cheios de contradições, dúvidas e falhas. E essas partes não podem ser simplesmente descartadas.
Reconhecer nossos medos também é um passo fundamental. Talvez você sinta ansiedade social, insegurança em se expor ou medo de não corresponder às expectativas de quem ama. Escrever sobre isso, como sugere Brené Brown em A Coragem de Ser Imperfeito (The Gifts of Imperfection, 2010), ajuda a reduzir o poder dessas emoções. Nomear nossos sentimentos é o primeiro passo para não sermos dominados por eles.
Comparar-se com a versão perfeita dos outros é uma armadilha. Por trás de cada foto impecável de viagem, há dias de solidão, preocupações, desafios e lágrimas que não aparecem no feed. Quando entendemos isso, paramos de nos cobrar tanto e nos damos permissão para sermos autênticas, exatamente como somos.
Um exemplo poderoso disso é a história de Frida Kahlo, artista mexicana que viveu uma vida marcada por dor física e emocional, mas que nunca permitiu que isso apagasse sua essência. Aos seis anos, ela contraiu poliomielite, o que deixou uma sequela em sua perna. Aos dezoito, sofreu um acidente gravíssimo de ônibus que a deixou com múltiplas fraturas e dores crônicas para o resto da vida. Apesar disso, ou justamente por isso , Frida fez de sua própria vida matéria-prima para sua arte. Seus autorretratos expressam não só sua dor, mas também sua força, sua identidade e sua recusa em se encaixar nos padrões impostos. Frida transformou suas imperfeições em potência criativa e símbolo de resistência.
Quando aceitamos nossas vulnerabilidades, deixamos de viver buscando aprovação externa. E, curiosamente, é exatamente aí que nossa autenticidade começa a transparecer.
3. Estabeleça limites com firmeza e gentileza
Dizer não é, muitas vezes, um dos atos mais revolucionários de autocuidado. A cultura atual insiste que devemos dar conta de tudo: estar presentes em todos os eventos, ajudar todos que pedem, responder todas as mensagens, aceitar todos os convites e oportunidades. Mas a verdade é que ninguém dá conta de tudo, e não há vergonha nenhuma nisso.
- Dicas para impor limites
Seja clara e objetiva. Você não precisa se justificar em excesso. Um simples “hoje não posso, preciso priorizar meu descanso” já é suficiente.
Use a empatia para comunicar isso de forma gentil: “Eu entendo que isso é importante pra você, mas no momento não consigo ajudar. Podemos pensar numa solução juntos?” Isso mostra respeito pelo outro, sem se anular.
Faça uma lista das suas prioridades: descanso, saúde, tempo de qualidade com quem você ama, projetos pessoais, crescimento profissional ou espiritual. Quando um convite ou demanda aparecer, olhe para essa lista. Se aquilo conflitar com o que te sustenta, o não é uma opção válida e ideal.
4. Permita-se evoluir, errar e transformar
Construir uma identidade sólida não significa se tornar uma pessoa rígida, que nunca muda de opinião ou de interesses. Muito pelo contrário. Crescimento pessoal exige flexibilidade. Errar faz parte. Trocar de caminho também.
Existe uma pressão muito grande para sabermos exatamente quem somos, o que queremos e como vamos chegar lá. Mas a vida não é linear. Clarissa Pinkola Estés, no livro Mulheres que Correm com os Lobos (1992), fala sobre os ciclos da mulher selvagem: momentos de recolhimento, de dor, de cura, de força e de renascimento. Viver é honrar esses ciclos.
Se aos vinte anos você sonhava com algo e aos trinta já não faz mais sentido, tudo bem. Permita-se mudar. Isso não é fracasso, é maturidade. Revisite seus objetivos com frequência. Pergunte-se: isso ainda faz sentido para mim? E se a resposta for não, tenha coragem de recomeçar.
Conclusão
Quando revisito essa lista percebo que ela não é uma fórmula mágica, mas um mapa que me ajuda a voltar para mim mesma todas as vezes que me perco. Esses passos não acontecem de uma vez só. Eles são feitos de pequenos ajustes diários, tropeços, reflexões e escolhas conscientes.
Para você que está lendo, fica aqui um convite sincero:
Compartilhe suas descobertas. Meu perfil está sempre aberto para conversas, relatos e desabafos. Aqui é um espaço seguro, onde você pode se expressar e ser ouvida.
Que este texto seja um ponto de partida para você construir, e celebrar , a pessoa única que só você pode ser, com suas contradições, conquistas e sonhos. E lembre-se: ninguém pode tirar de você aquilo que já está enraizado no seu coração e na sua história.
Conteúdos recomendados:
Brené Brown – TED Talk O Poder da Vulnerabilidade (legendado em português), disponível no YouTube
Livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés (Editora Rocco)
Artigos da Marie Claire Brasil sobre autoestima e empoderamento feminino
Coluna de desenvolvimento pessoal da revista Claudia (versão digital)
Podcast Mamilos, episódio Autenticidade e Aceitação, disponível nas plataformas de áudio
Este texto é um pouco diferente do que costumo postar aqui. Não pretendo abandonar meu estilo habitual e seguirei escrevendo como sempre. Mas, agora que tenho alcançado um pouco mais de visibilidade, sinto que posso compartilhar conteúdos mais elaborados com regularidade. Também adoro consumir esse tipo de reflexão e acredito que pode ser valioso para vocês.
Inclusive, tenho pensado em ativar uma assinatura paga no meu perfil, com um valor simbólico. Ainda estou avaliando essa possibilidade e, antes de qualquer decisão, gostaria de saber: você pagaria para ter acesso aos meus textos? Não é uma decisão para agora, mas uma ideia que está em construção.
Thalia
Este texto chegou no momento certo!!!
Parece que era eu, dizendo o que eu mesma precisava ouvir!
Ameii diva❤️🩹